Depoimentos emocionantes, debates técnicos e aprendizado marcam Seminário “Doar para Transformar” realizado pela Corregedoria do Foro Extrajudicial e Ejug nessa quarta-feira, 20

“A vida é um presente de Deus. Doar o corpo para a ciência é um ato de amor, uma compreensão da continuidade que transcende o luto. Quando você fala em amar ao próximo como a si mesmo também se refere a esse gesto de nobreza”.

A mensagem carregada de emoção é da advogada e especialista em Direito Contratual, Irani Pinheiro, viúva de Maguila, um dos maiores ícones mundiais do boxe, durante o Seminário “Doar para Transformar” promovido nesta quarta-feira, 20, pela Corregedoria do Foro Extrajudicial de Goiás em parceria com a Escola Judicial do Tribunal de Justiça de Goiás (Ejug).

Fundadora do Instituto Adilson Maguila, Irani Pinheiro, principal incentivadora da doação do cérebro de Maguila para estudos científicos na Universidade de São Paulo (USP) com o intuito de ajudar na pesquisa da encefalopatia traumática crônica (ETC), também conhecida como “demência pugilística”, contou um pouco da sua experiência pessoal pela perspectiva familiar e respeito à doação de corpos.

“Foram 18 anos da encefalopatia até a morte. Maguila, sempre alegre e brincalhão, teve uma grande mudança de comportamento com essa doença degenerativa e foi tudo muito doloroso. Mas, entendemos, inclusive, que o diagnóstico fechado da ETC só aconteceria após a doação porque com os estudos e pesquisas científicos é possível descobrir a cura dessa doença e de tantas outras”, alertou.

Ao abrir o seminário, o corregedor do Foro Extrajudicial de Goiás, desembargador Anderson Máximo de Holanda, disse que é preciso “romper a fronteira do desconhecimento” sobre a doação de corpos para avançar no campo científico.

“Esse é um tema muito importante e o papel da Corregedoria do Foro Extrajudicial é quebrar barreiras por meio do conhecimento técnico sobre o assunto estabelecendo um diálogo com a sociedade, os cartorários e as universidades, além de esclarecer todas as dúvidas dos cidadãos que tenham o desejo de doar o corpo para fins científicos”, destacou.

Transformando vidas

Para a juíza auxiliar da Corregedoria, Soraya Fagury, que esteve à frente do projeto, o evento é de suma importância para conscientizar a população a respeito do tema, a seu ver, ainda sensível, mas de grande valia para os estudos científicos.

“Hoje trouxemos três pessoas de peso para falar sobre esse assunto de grande relevância social para mostrar à sociedade que a doação de corpos para a ciência além de ser um ato de amor pode transformar vidas”, ressaltou.

Sem necessidade de autorização judicial

De forma esclarecedora, a professora e doutora Bárbara de Lima Lucas, adjunta da Universidade de Brasília (UNB), coordenadora do Museu de Anatomia e colaboradora do Programa de Doação de Corpos Anatômicos da Universidade Federal de Jataí (UFJ), explicou a mudança que facilitou o procedimento de doação de corpos para a ciência e ensino ocorrida com a edição do Provimento nº 123/2024, da CGJGO.

“Agora a pessoa que quiser doar o corpo para a ciência pode assinar um documento e reconhecê-lo no cartório, sem necessidade de autorização judicial. É importante que os familiares saibam que não existe uma visitação do corpo após a doação, mas que as despedidas são bem-vindas antes da entrega ao laboratório”, frisou.

Pioneirismo

A presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de Goiás (Arpen-GO), Evelyn Aida Tonioli Valente, que abordou o papel das serventias extrajudiciais na facilitação da doação de corpos para estudo e pesquisa científica, enfatizou o pioneirismo do Judiciário goiano na mudança dessa normativa.

Por outro lado, acentuou a importância do doador fortalecer o diálogo com os familiares quando for feito o registro em vida.

“Essa é uma pauta social muito relevante que envolve estudo e dedicação de todos os envolvidos. Essa união de esforços para trazer uma normatização nova e dar celeridade a esse procedimento representa um marco histórico no que trata desse tema”, observou.

Desprendimento e propósito maior

Outro momento emocionante foi o depoimento de Eva Cristina Ximenes de Almeida que doou o corpo (feto) da filha com anencefalia após um aborto espontâneo aos 9 meses de gravidez, em 1982.

“A médica na época perguntou se eu tinha interesse em fazer essa doação. Um dia, em uma feira de ciências, 15 anos depois, me deparei com a exposição de material na UFG: algumas partes do corpo humano e um feto, de 9 meses, uma menina que nasceu em 1982, com anencefalia. Minha filha hoje teria 43 anos e sei que fiz a escolha correta, pois essa renúncia teve um propósito maior: o de ajudar outras pessoas pela ciência”, relatou, comovida.

Sobre o Seminário

O Seminário “Doar para Transformar”, que aconteceu presencialmente no Auditório da Ejug com transmissão on-line, teve como objetivo capacitar delegatários, representantes de universidades, de faculdades da área de saúde, e cidadãos interessados na doação de corpos para estudos científicos. Também participaram do evento o desembargador Fabiano Abel de Aragão Fernandes e juiz auxiliar da Corregedoria Társio Ricardo de Oliveira Freitas.

Fonte: TJGO

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